Modernidade Líquida, Pós-Modernidade ou Modernidade Tardia, essas são algumas das designações dadas à época em que vivemos. Aqui postaremos alguns links de livros, vídeos e textos importantes para o debate e para a reflexão contemporânea.
sábado, 24 de setembro de 2011
sábado, 17 de setembro de 2011
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Diálogo entre pós-modernidade, sujeito e leitura: o processo discursivo e o virtual
Por: Ms. Magna Campos
RESUMO: Na pós-modernidade, a leitura encontra-se enredada com outros espaços que configuram um novo local para o texto e novas textualidades, portanto, novos espaços de significação. Tais espaços, promovidos pelas novas TICs, têm proporcionado uma crescente multiplicação dos sistemas de significação.
PALAVRAS-CHAVE: Leitura, pós-modernidade, novas textualidades.
LEIA O TEXTO DIRETAMENTE NA HIPERTEXTUS REVISTA DIGITAL (UFPE):
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Discurso de Saudação à Patrona Cora Coralina
Discurso de saudação a Cora Coralina
Por: Magna Campos
(Discurso de posse na Academia de Letras do Brasil)
Em
primeiro lugar, agradeço a todos os membros da Academia de Letras do Brasil-
unidade Mariana pela possibilidade de integrar a esse grupo e de fazer parte
dessa Casa, para nela ocupar a cadeira de nº 18. Cadeira essa que escolhi ter
por patrona a poetisa e contista Cora Coralina.
Cora
nasceu Ana Lins dos Guimarães Peixoto, em 1889, em Vila Bôa de Goyas, e fez de
sua relação com a vida um motivo a ser escrito em seus versos livres, tecido no
caminho das pedras de sua existência. Pois é ela mesma, por meio de uma
descrição poética no poema Das Pedras, que
se diz como sendo aquela mulher que fez a
escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores.
Uma
mulher que só conseguiu publicar seu primeiro livro já no tarde da vida, viúva
e vestida de seus cabelos brancos; com mais de 70 anos... E que, mesmo tendo
cursado apenas até a antiga 3ª série do grupo, não se deixou engolir pela hostilidade
dos familiares e pela falta de estímulos sociais e econômicos para ser literata.
Cora, que sentia no fundo de seus
reservatórios secretos, um vago desejo de analfabetismo e que, ainda assim,
SOBREVIVEU, recompondo-se aos bocados,
dos rígidos preconceitos do passado. Recriando-se sempre, sempre graças aos
olhos inquietos de criança que não a abandonaram jamais e também às muitas
leituras feitas ao longo de sua trajetória. A escola da vida, diz Cora,
suplementou-me as deficiências da escola primária. E foi assim, já em seu 3º
livro publicado, abrindo caminhos difíceis, que ela nos chega:
[abro
aspas]
Sem referências a mencionar.
Nenhum primeiro prêmio.
Nenhum segundo lugar.
Nem menção honrosa.
Nenhuma láurea.
[fecho
aspas]
E
pede passagem na vida literária brasileira...
Cora
expressou com singularidade, em seus escritos, o seu tempo e a ligação com seu
meio. Imprimiu aos seus textos a marca do oral e dos causos interioranos. Uma verdadeira contadora de histórias, não da
história oficial, registrada nos anais da cidade de Goiás, mas a história dos
que não têm voz; a sabedoria dos anônimos.
Mulher
que, quando indagada, respondia: _ Cora,
uma poetiza? Não! Cora uma mulher da luta, uma doceira! E que dizia
escrever porque sua mão coçava, em virtude das palavras que precisavam ser
“cristalizadas”, tal qual seus famosos doces. Uma mulher que se entrega ao
ofício e à identidade de doceira como réplica às dificuldades encontradas para
publicar seus textos. É dela mesma essa afirmativa descrita no poema Quem é
Você:
“Sendo eu mais doméstica do que intelectual,
Não escrevo jamais de forma consciente e raciocinada,
E sim impelida por um impulso incontrolável...
[Pois] Nasci para escrever, mas, o meio,
O tempo, as criaturas,
Contra-marcaram a minha vida.”
Em
suas memórias, delineadas em versos, Cora abre os porões de suas lembranças e se
lê como sendo Aninha; aquela do Rio Vermelho, da Casa Velha da Ponte...uma mulher
marcada pela coragem, pelo fazer, pelo contar, pelo viver, e tão lindamente
descrita na seguinte passagem:
Sou mulher como outra
qualquer.
Venho do século
passado
E trago comigo todas
as idades.
Demonstra-nos no livro Vintém de Cobre – Meias Confissões
de Aninha, admirável entendimento do poder da escrita, especialmente da sua, ao
afirmar: Quando eu morrer, não morrerei
de tudo.
Estarei sempre nas páginas deste livro,
Criação mais viva da
minha vida interior em parto solitário.
Assim ela partiu, levou seus
doces, mas nos deixou os versos. E hoje, nesta oportunidade singular, eu a saúdo,
Cora Coralina! Esteja, também, revivida aqui, nesta cadeira que honrosamente a
terá por patrona. Brinda-nos com sua doçura poética, com sua mão coçante, com
seu olhar inquieto de criança, com sua modéstia e sensibilidade, enfim, com seu
gesto criador. Ajuda-nos a indagar
sempre por quantas Aninhas corajosas, pouco estudadas, existirão esparrodadas
pelo Brasil afora? Quantas Aninhas cujas histórias e poesias não conseguiram
vencer as pedras do caminho, assim como você vencera, levantando das pedras que lhe esmagavam a pedra
rude dos seus versos? Por isso, Cora, dignifica, com sua conquistas, essa
cadeira, em nome das muitas mulheres, jovens ou velhas, das quais não escutamos
sequer os sussurros e, também, em nome de todas as que se arriscam nas letras, removendo pedras e plantando flores.
Discurso de Saudação ao neo-acadêmico Paulo José de Oliveira
Por: Magna Campos
Caríssima
presidente da ALB- Mariana, Andreia Donadon-Leal;
Caro
Vice-Presidente da ALB-Mariana, J. S. Ferreira;
Presidente
Executivo e Editor da ALB-Mariana, J.B.Donadon-Leal;
E Secretário-Geral da ALB-Mariana, Gabriel
Bicalho;
A
todos vocês os meus cumprimentos, nesta tarde de sábado!
“Escrever [caros ouvintes] é uma arte que
brota n’alma. É uma arte que é alimentada no coração, impulsionada pela mente e
grafada na mão”.
É
com essa primeira citação ao trecho de um editorial da Folha Literária Formiga
em Letras, escrito por Paulo José de Oliveira, também conhecido pelo pseudônimo
de PAJO, que inicio o discurso de saudação ao neoacadêmico. Guiada muito mais
pelo calor de sua palavra criação, que pelo “frio” de um currículo que, nem
sempre, consegue representar satisfatoriamente o sujeito de quem se fala.
Afinal, como afirma o próprio neoacadêmico, ainda no editorial mencionado, é
“no escrever que se traduz o eu, mesmo que seja nas entrelinhas, ou na forma de
rabisco”.
E
escrever, especialmente na literatura, seria realmente ter a possibilidade de
criar um outro viver paralelo, no qual o mundo não tem mais que ser ordenado
por CRONOS, o deus do tempo, linear, torturante e esvaecente. Na literatura, o
caos pode se dissipar, o feio pode se embelezar, o instante pode se eternizar,
e em lugar de CRONOS, pode ser consagrado KAIRÓS, o tempo das coisas e não do efeito sobre as coisas. Não mais o
tempo da espera, mas o da esperança. O tempo não consumido pelo relógio, mas
experimentado em seus instantes-eternos e acima de tudo: saboreado!
Mas
literatura não é um luxo escapista, como pode parecer, é criação! E é graças aos desejos e anseios que ela inspira, às
mentalidades que [ela] criou e que continua criando, e à humanização do real,
que a sociedade ainda é capaz de se libertar de ditaduras, sejam elas
econômicas, religiosas, científicas e por que não, cultural, já que vivemos o
ápice da sociedade consumista, e nele, a cultura torna-se ela própria um objeto
cultural desejável ao consumo, muitas vezes irrefletido, promíscuo e banalizado.
É o valor do consumo que se impõe ao
próprio valor da coisa consumida.
Afinal,
como propõe o escritor sul-americano, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de
2010, Mario Vargas Llosa, ao dizer que:
Quem dúvida que a
literatura, além de nos levar ao sonho da beleza e da felicidade, nos alerta contra
toda forma de opressão, pergunte por que todos os regimes empenhados em
controlar a conduta dos cidadãos, do berço ao túmulo, a temem tanto, a ponto de
estabelecerem regras de censura para reprimi-la, e vigiam com tanta suspeita os
escritores independentes.
E
o literato Paulo José de Oliveira atento a esse poder de revolução e de subversão
da literatura, imprime no poema Capitalismo
Selvagem, publicado no jornal O
Pergaminho, de outubro de 2010, a sua
visão crítica sobre as relações de poder instaurados pelo capitalismo atual, quando
diz:
Como um dos frutos da
ambição
[ o capitalismo] é
cria da ganância humana
Que como um canto de
sereia
Desapropria a
dignidade.
[...]
No capitalismo a
educação não é certeza do saber
[...]
O sistema de cotas
não é garantia de inclusão
E o fruto do sistema
continua sendo a discriminação.
Crítica
que se mistura ao saudosismo em outro texto, agora em prosa, no conto Meu Palácio Colonial, do livro Ponto de Partida, quando o eu-lírico do
escritor, ao rememorar um local importante de sua juventude e não mais
existente, nos escreve:
Hoje, ao retornar saudoso
naquele rincão antes sagrado, deparo-me com o domínio do mercado e do capital
selvagem.
Nenhum vestígio mais existe,
daquele meu palácio medieval. Apenas o capim de um latifúndio, mais que
especulativo, em uma triste paisagem deformada pelo progresso.
A
voz indignada com o sistema, capaz de captar um dos importantes papéis da literatura,
é daquele que além de ser Turismólogo formado pela Fatur/UNIFOR/MG, Educador
Ambiental, pela UNB, e Técnico em Eventos, pelo IFET, é também Presidente
e Gestor do Sindicato dos Trabalhadores em Serviços de Saúde de Formiga – tendo
escrito o Guia Histórico da Saúde: do Germinar ao Frutificar; livro que conta a
história dos 15 anos do sindicato –; além disso, é ativista eco- ambiental,
humanista, sociocultural, fortemente atuante na cidade de Formiga e região, e
Membro Vitalício da Academia Formiguense de Letras.
Mas
a mesma voz engajada, apontada anteriormente, dá lugar à voz escorreita e lúdica
do trovador, que é delegado representante da UBT (União Brasileira de
Trovadores). Trova essa que muitas vezes é auto referencial, como pode ser vista nos versos abaixo:
Busquei a rima na
fonte
Na inspiração de
minh’alma
Juntei as letras, um
monte!
_ Fiz uma trova sem
trauma.
O
seu “buscar na fonte” lembra-me outra afirmação, agora, de Gustave Flaubert, o
genial escritor de Madame Bovary e de Uma Alma Simples, [que] fez ao dizer que
“escrever é uma maneira de viver”. E lendo o poema Fieis Amigos, de autoria do neoacadêmico, é possível vislumbrar o
quanto a escrita tornou-se necessária para seu estar e ser no mundo. A
esse respeito, ouçamos as palavras do próprio PAJO:
A caneta tornou-se
amiga
Extensão fiel de meu
corpo
Assim, como o fino
papel
Aliado silencioso
absorve
Meus desabafos, meus
desejos,
Meus sonhos e
inspirações.
Essa
outra maneira de viver que a literatura nos possibilita, sugerida por Flaubert
e demonstrada na intimidade por Paulo, nos versos lidos, precisa ser levada à
frente, precisa ser valorizada, buscada e disseminada o tempo todo e em todo
lugar. E ensinada pela vivência especialmente às novas gerações. Pois como bem
disse o já citado Mario Vargas Llosa:
Um mundo sem literatura
seria um mundo sem desejos nem ideais nem desacatos. Um mundo de autômatos
desprovidos do que faz com que o ser humano seja verdadeiramente humano: a
capacidade de sair de si mesmo e mover-se em outro, em outros, modelados com a
argila de nossos sonhos.
Assim,
para que você, Paulo, possa também nos ajudar a moldar com a argila de seus
sonhos um mundo com mais literatura, com mais arte, que é, em nome da Academia
de Letras do Brasil-Mariana, uma instituição que tem como objetivo a difusão da
cultura e o incentivo às Letras e Artes – e que vem construído suas tramas com palavras e obras que nos
entrelaçam cada vez mais à sociedade e não com paredes, que nos isolem do
mundo – [ é em nome dessa instituição] que lhe dou as boas-vindas a esse grupo,
para tomar posse como membro efetivo desta academia, da cadeira de nº 23, cuja
patrona escolhida será sua conterrânea e literata, Maria Ruth de Souza Pinto.
Saudações e Muito Obrigada!
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